terça-feira, 20 de dezembro de 2011

As doenças que mais venderão em 2012


Martha Rosenberg*, AlterNet | Tradução: Daniela Frabasile



Como a indústria farmacêutica conseguiu que um terço da população dos Estados Unidos tome antidepressivos, estatinas, e estimulantes? Vendendo doenças como depressão, colesterol alto e refluxo gastrointestinal. Marketing impulsionado pela oferta, também conhecido como “existe um medicamento – precisa-se de uma doença e de pacientes”. Não apenas povoa a sociedade de hipocondríacos viciados em remédios, mas desvia os laboratórios do que deveria ser seu pepel essencial: desenvolver remédios reais para problemas médicos reais.

Claro que nem todas as doenças são boas para tanto. Para que uma enfermidade torne-sc campeã de vendas, ela deve: (1) existir de verdade, mas ser constatada num diagnóstico que tem margem de manobra, não dependendo de um exame preciso; (2) ser potencialmente séria, com “sintomas silenciosos” que “só pioram” se a doença não for tratada; (3) ser “pouco reconhecida”, “pouco relatada” e com “barreiras” ao tratamento; (4) explicar problemas de saúde que o paciente teve anteriormente; (5) precisar de uma nova droga cara que não possui equivalente genérico.

Aqui estão algumas potenciais doenças da moda, que a indústria farmacêutica gostaria que você desenvolvesse em 2012:

Déficit de atenção com hiperatividade em adultos
Problemas cotidianos rotulados como “depressão” impulsionaram os laboratórios nas últimas duas décadas. Você não estava triste, bravo, com medo, confuso, de luto ou até mesmo sentindo-se explorado. Você estava deprimido, e existe uma pílula para isso. Mas a depressão chegou a um ápice, como a dieta Atkins e Macarena. Com sorte, existe o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (DDAH) em adultos. Ele dobrou em mulheres de 45 a 65 anos e triplicou em homens e mulheres com 20 a 44 anos, de acordo com o Wall Street Journal.

Assim como a depressão, a DDAH em adultos é uma categoria que pode englobar tudo. “É DDAH ou menopausa?” pergunta um artigo na Additude, uma revista voltada exclusivamente à doença DDAH. “DDA e Alzheimer: essas doenças estão relacionadas?” pergunta outro artigo da mesma revista.

“Estou deprimida, pode ser DDAH?” diz um anúncio na Psychiatric News, mostrando uma mulher bonita, mas triste. Na mesma publicação, outro anúncio diz “promessas quebradas – adultos com DDAH têm quase duas vezes mais chances de se divorciar”, enquanto estimula médicos a checar a presença de DDAH pacientes para DDAH em seus pacientes.

Adultos com DDAH são normalmente “menos responsáveis, confiáveis, engenhosos, focados, autoconfiantes, e eles encontram dificuldades para definir, estabelecer e propor objetivos pessoais significativos”, diz um artigo escrito pelo dr. Joseph Biederman, psiquiatra infantil de Harvard, que leva os créditos por colocar “disfunção bipolar pediátrica” no mapa. Eles “mostram tendências de ser mais fechados, intolerantes, críticos, inúteis, e oportunistas” e “tendem a não considerar direitos e sentimentos de outras pessoas”, diz o artigo, numa frase que poderia ser usada por muitas pessoas para definir seus cunhados.

Adultos com DDAH terão dificuldade em se manter em um emprego e pioram se não forem tratados, diz WebMD, apontando para o seguindo requisito para as doenças campeãs de venda – sintomas que se agravam sem medicação. “Adultos com DDAH podem ter dificuldade em seguir orientações, lembrar informações, concentrar-se, organizar tarefas ou completar o trabalho no prazo”, de acordo com o site, cujo parceiro original era Eli Lilly.

Como as empresas farmacêuticas conseguiram fazer com que cinco milhões de crianças, e agora talvez seus pais, tomem remédios para DDAH? Anúncios em telas de 9 metros por 7, quatro vezes por hora na Times Square não vão fazer mal. Perguntam: “Não consegue manter o foco? Não consegue ficar parado? Seu filho pode ter DDAH?” (Aposto que ninguém teve problemas em se focar neles!).

Porém, convencer adultos que eles não estão dormindo pouco, nem entediados, mas têm DDAH é apenas metade da batalha. As transnacionais farmacêuticas também têm que convencer crianças que cresceram com o diagnóstico de DDAH a não pararem de tomar a medicação, diz Mike Cola, da Shire (empresa que produz os medicamentos para DDAH: Intuniv, Addreall XR, Vyvanse e Daytrana). “Nós sabemos que perdemos um número significativo de pacientes com mais ou menos vinte anos, pois saem do sistema por não irem mais ao pediatra”.

Um anúncio da Shire na Northwestern University diz “eu lembro de ser uma criança com DDAH. Na verdade, eu ainda tenho”, a frase está escrita em uma foto de Adam Levine, vocalista do Maroon 5. “É sua DDAH. Curta”, era a mensagem subliminar. (O objetivo seria: “continue doente”?).

Claro, pilhar crianças (ou qualquer um, na verdade) não é muito difícil. Por que outra razão traficantes de metanfetamina dizem que “a primeira dose é grátis”? Mas a indústria está tão empenhada em manter o mercado pediátrico de DDAH que criou cursos para médicos. Alguns exemplos: “Identificando, diagnosticando e controlando DDAH em estudantes”. Ou “DDAH na faculdade: procurar e receber cuidado durante a transição da infância para a idade adulta”.

Para assegurar-se de que ninguém pense que a DDAH é uma doença inventada, WebMD mostra ressonâncias magnéticas coloridas de cérebros de pessoas normais e de pacientes com DDAH (ao lado de um anúncio de Vyvanse). Mas é duvidoso se as duas imagens são realmente diferentes, diz o psiquiatra Dr. Phillip Sinaikin, autor de Psychiatryland. E mesmo que forem, isso não prova nada.

“O ponto central do problema é que simplesmente não existe um entendimento definitivo de como a atividade neural está relacionada à consciência subjetiva, a antiga relação não muito clara entre corpo e mente”, Sinaikin contou ao AlterNet. “Não avançamos muito além da frenologia, e esse artigo do WebMD é simplesmente o pior tipo de manipulação da indústria farmacêutica a fim de vender seus produtos extremamente caros. Nesse caso, um esforço desesperado da Shire para manter uma parte do mercado quando o Addreall tiver versão genérica”.

Artrite Reumatóide
A Artrite Reumatoide (AR) é uma doença séria e perigosa. Mas os supressores do sistema imunológico que a indústria farmacêutica oferece como alternativa – Remicade, Enbrel, Humira e outros – também são. Enquanto a AR ataca os tecidos do corpo, levando à inflamação das articulações, tecidos adjacentes e órgãos, os supressores imunológicos podem abrir uma brecha para câncer, infecções letais e tuberculose.

Em 2008, a agência norte-americana para alimentação e medicamentos (FDA) anunciou que 45 pessoas que tomavam Humira, Enbrel, Humicade e Cimzia morreram por doenças causadas por fungos, e investigou a relação do Humira com linfoma, leucemia e melanoma em crianças. Esse ano, a FDA avisou que as drogas podedm causar “um raro tipo de câncer nas células sanguíneas brancas” em jovens, e o Journal of the American Medical Association (JAMA) advertiu o aparecimento de “infecções potencialmente fatais por legionela e listeria”.

Medicamentos que suprem o sistema imunológico também são perigosos para os bolsos. Uma injeção de Remicade pode custar US$ 2.500; o suprimento de um mês de Enbrel custa US$ 1.500; o custo anual do Humira é de US$ 20 mil.

Há alguns anos, a AR era diagnosticada com base na presença do “fator reumatóide” e inflamações. Mas, graças ao marketing guiado pela oferta da indústria farmacêutica, bastam hoje, para o diagnóstico, enrijecimento e dor. (Atletas e pessoas que nasceram entes de 1970, entrem na fila, por favor).

Além do espaço de manobra para o diagnóstico e um bom nome, a AR possui outros requisitos das doenças campeãs de vendas. “Só vai piorar” se não for tratada, diz WebMD, e é frequentemente “subdiagnosticada” e pouco relatada, diz Heather Mason, da Abbott, porque “as pessoas costumam não saber o que têm, por algum tempo”.

Uma doença tão perigosa que o tratamento custa US$20 mil por ano, mas que é tão súbita que você pode não saber que tem? AR desponta como uma doença da moda.

Fibromialgia
Outra doença pouco relatada é a fibromialgia, caracterizada dores generalizadas e inexplicadas no corpo. Fibromialgia é “quase a definição de uma necessidade médica não atendida”, diz Ian Read, da Pfizer, que fabrica a primeira droga aprovada para fibromialgia, o medicamento anticonvulsivo Lyrica. A Pfizer doou US$ 2,1 milhões a grupos sem fins lucrativos em 2008 para “educar” médicos sobre a fibromialgia e financiou anúncios de serviço da indústria farmacêutica que descreviam os sintomas e citavam a droga. Hoje, a Lyrica lucra US$ 3 bilhões por ano.

Mesmo assim, a Lyrica concorre com Cymbalta, o primeiro antidepressivo aprovado para fibromialgia. A Eli Lilly propôs o uso de Cymbalta para a “dor” física da depressão, em uma campanha chamada “depressão machuca” antes da aprovação do tratamento para fibromialgia. O tratamento de pacientes com fibromialgia com Lyrica ou Cymbalta custa cerca de US$10 mil, segundo diários médicos.

A indústria farmacêutica e Wall Street podem estar felizes com os medicamentos para fibromialgia, mas os pacientes não. No site de avaliação de medicamentos, askapatient.com, pacientes que usam Cymbalta relatam calafrios, problemas maxilares, “pings” elétricos em seus cérebros, e problemas nos olhos. Nesse ano, quatro pacientes relataram a vontade de se matar, um efeito colateral frequente do Cymbalta. Usuários de Lyrica relatam no askapatient perda de memória, confusão, ganho extremo de peso, queda de cabelo, capacidade de dirigir automóveis comprometida, desorientação, espasmos e outros ainda piores. Alguns pacientes tomam os dois medicamentos.

Disfunções do sono: Insônia no meio da noite
Disfunções do sono são uma mina de ouro para os laboratórios porque todo mundo dorme – ou assiste TV, quando não consegue. Para agitar o mercado de insônia, as corporações criaram subcategorias de insônia, como crônica, aguda, transitória, inicial, de início tardio, causada pela menopausa, e a grande categoria de sono não reparador. Nesse outono [primavera no hemisfério Sul], as apareceu uma nova versão do Ambien para insônia “no meio da noite”, chamado Intermezzo – ainda que Ambien seja, paradoxalmente, indutor de momentos conscientes durante o sono. As pessoas “acordam” em um blackout do Ambien e andam, falam, dirigem, fazem ligações e comem.

Muitos ficaram sabendo desse efeito do Ambien quando Patrick Kennedy, ex-parlamentar de Rhode Island, dirigiu até Capitol Hill para “votar” às 2h45min da manhã em 2006, sob efeito do remédio, e bateu seu Mustang. Mas foi comer sob o efeito do Ambien que trouxe a pior discussão sobre o medicamento. Pessoas em forma acordavam no meio de montanhas de embalagens de pizza, salgadinhos e sorvete – cujo conteúdo tinha sido comido pelos seus “gêmeos maus”, criados pelo remédio.

Sonolência excessiva e transtorno do sono por turno de trabalho
Não é preciso dizer: pessoas com insônia não estarão com os olhos brilhando e coradas no dia seguinte – tanto faz se elas não tiverem dormido, ou se tiverem, em seu corpo, resíduos de medicamentos para dormir. Na verdade, essas pessoas estão sofrendo da pouco reconhecida e pouco relatada epidemia da Sonolência Excessiva durante o Dia. As principais causas da SED são apnéia do sono e narcolepsia. Mas no ano passado, as corporações farmacêuticas sugeriram uma causa relacionada ao estilo de vida: “transtorno do sono por turno de trabalho”. Anúncios de Provigil, um estimulante que trata SED, junto com Nuvigil, mostram um juiz vestindo um roupão preto, no trabalho, com a frase “lutando para combater o nevoeiro?”.

Obviamente, agentes estimulantes contribuem com a insônia, que contribui com problemas de sonolência durante o dia, em um tipo de ciclo farmacêutico perpétuo. De fato, o hábito de tomar medicamentos para insônia e para ficar alerta é tão comum que ameaça a criação de um novo significado para “AA” – Adderal e Ambien.

Insônia que é depressão
Disfunções do sono também deram nova vida aos antidepressivos. Médicos agora prescrevem mais antidepressivos para insônia que medicamentos para insônia, de acordo com a CNN. É também comum que eles combinem os dois, já que “insônia e depressão frequentemente ocorrem conjuntamente, mas não fica claro qual é a causa e qual é o sintoma”.

WebMD concorda com o uso das duas drogas. “Pacientes deprimidos com insônia que são tratados com antidepressivos e remédios para dormir se saem melhor que aqueles tratados apenas com antidepressivos”, escreve.
De fato, muitas das novas doenças de massa, desde DDAH em adultos e AR até fibromialgia são tratadas com medicamentos novos junto com outros que já existiam e que não estão funcionando. É uma invenção das corporações polifarmácia. Isso lembra do dono de loja que diz “eu sei que 50% da minha propaganda é desperdiçada – só não sei qual 50%”.
*Martha Rosenberg escreve sobre o impacto das indústrias farmacêuticas, alimentícias e de armamentos na saúde pública.
(Outras Palavras)

Fonte: http://mercadoetico.terra.com.br

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Despedida coletiva de empregados por suspeita de furto gera direito a indenização por danos morais


A empregadora, diante do desaparecimento de ferramentas de seu almoxarifado, dispensou o funcionário juntamente com os demais colegas do setor


É crescente o número de ações na Justiça do Trabalho em que se pede o pagamento de indenização por dano moral. Muitas vezes os pedidos são baseados em fatos infundados ou que constituem meros aborrecimentos do cotidiano. O desafio do Judiciário é reconhecer os casos em que realmente se caracteriza o dano e atribuir indenização de valor proporcional à ofensa. O enriquecimento fácil deve ser coibido, a fim de se evitar a banalização do instituto. A chamada indústria do dano moral.

Por outro lado, existem empresas que abusam dos seus poderes. Na condução do empreendimento, o empregador deve sempre se pautar pelo respeito ao trabalhador. A Constituição Federal consagra os direitos à honra, à intimidade, à vida privada e à imagem das pessoas, o que deve ser observado por empregados e empregadores. O desrespeito a esses direitos poderá gerar condenação ao pagamento de indenização por dano moral.

A 5ª Turma do TRT-MG, acompanhando o voto da desembargadora Lucilde D'Ajuda Lyra de Almeida, manteve a decisão de 1º Grau que deferiu a um trabalhador indenização por dano moral no valor de R$3.000,00. Isso em razão da conduta inadequada adotada pela empregadora diante do desaparecimento de ferramentas de seu almoxarifado. O reclamante foi dispensado pouco tempo depois do ocorrido, juntamente com os demais colegas do setor. Embora ninguém tenha sido acusado diretamente, foi realizada uma reunião para a apuração do sumiço e nada foi descoberto. Os serviços foram terceirizados em seguida, sendo alguns empregados aproveitados, mas não o reclamante.

Em seu recurso, a empresa alegou que dispensou os empregados, porque resolveu terceirizar o serviço realizado pelo setor. A tese apresentada foi a de que nem todos foram chamados para trabalhar pela desnecessidade de restabelecer o quadro total até então existente. Contudo, a relatora não se convenceu desses argumentos. Uma testemunha do reclamante afirmou que o dono da empresa disse na reunião que se as ferramentas não aparecessem em 24h, mandaria todo mundo embora. A testemunha da reclamada confirmou que saiu da empresa porque havia sumido um maquinário e o dono disse que iria parar a manutenção porque não compraria mais equipamentos.

No entendimento da julgadora, a conduta da empresa de dispensar todos os empregados do setor por não saber a quem atribuir o desaparecimento das ferramentas é inaceitável. Ao agir dessa forma, demonstrou que suspeitava de todos do grupo. Ao invés de manter cautela e serenidade, resolveu pulverizar as consequências do ato delituoso entre todos os empregados do setor, submetendo o reclamante à situação constrangedora e vexatória, de forma desabonadora à sua integridade, reputação e caráter, ofendendo a sua imagem e honra subjetiva, que são invioláveis, destacou.

Acompanhando a relatora, a Turma concluiu que o ato praticado pelo empregador ofendeu a dignidade e o prestígio social do trabalhador, gerando evidente dano moral, o que não precisa ser comprovado. Quanto ao valor da indenização, manteve os R$3.000,00 fixados em 1º Grau, por entender que o valor condiz com a situação constrangedora experimentada pelo reclamante.

Fonte | TRT 3ª Região

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Para Roberto DaMatta, “o governo não pode ter razões que a sociedade desconheça”

Gilberto Costa, da Agência Brasil

O antropólogo Roberto DaMatta avalia que o Estado brasileiro deve se tornar mais transparente e permitir o controle social. “O problema é entre a transparência e a opacidade. A transparência entre aquilo que o governo faz e o que a sociedade sabe. O governo tem que prestar contas. O governo não pode ter razões que a sociedade desconheça”.


DaMatta coordenou a elaboração do Diagnóstico sobre Valores, Conhecimento e Cultura de Acesso à Informação Pública no Poder Executivo Federal Brasileiro, feito a pedido da Controladoria-Geral da União (CGU).

Em entrevista à imprensa antes de apresentar a publicação no evento da CGU para o Dia Internacional contra a Corrupção, na última sexta-feira (9), DaMatta relacionou a série de demissões de ministros ocorridas desde junho à “confusão entre público e privado”. Segundo ele, também há ligação com aspectos culturais e históricos, que ainda fazem o país ter traços personalistas e autoritários. “O sistema político brasileiro é muito mais resistente em suas formas tradicionais”, disse.
“Somos um país de cultura católica: a gente confessa [para ter perdão]. Somos um país muito personalizado, existem muitos santos no Brasil, e temos um sistema político extremamente autoritário até hoje. Não podemos esquecer que tivemos um sistema escravocrata”, acrescentou.

Para o antropólogo, é preciso pensar em termos históricos. “Era uma sociedade de barões, príncipes e imperadores. A matriz republicana brasileira repousa em cima de uma administração imperial e aristocrática”, lembrou antes de comentar que “todo político brasileiro se aristocratiza (…). Ele toma posse do cargo, mas ele não é possuído pelo cargo”, diferenciou ao salientar que o cargo no Estado pertence à sociedade, a quem o político deve prestar serviço.

DaMatta avalia que o Brasil passa tardiamente por mudanças institucionais que já ocorreram em outros países. “Isso é o que nós estamos estranhando no século 21. Não é no século 19. Alguns países fizeram isso no século 18”, comparou.


Para ele, apesar das diferenças, o grande desafio para o Brasil e outros países é ser mais igualitário. “Nosso grande desafio continua sendo, como em todos os países, liquidar as diferenças sociais entre os muito ricos e os muito pobres e miseráveis.”


AGÊNCIA BRASIL

Fonte: http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/para-roberto-damatta-“o-governo-nao-pode-ter-razoes-que-a-sociedade-desconheca”/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=mercado-etico-hoje



quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Irregularidades aumentam seguro obrigatório em 11%, diz TCU

O TCU (Tribunal de Contas da União) avaliou que o DPVAT, seguro obrigatório pago por todos os proprietários de veículos do país, está ficando mais caro ano a ano por causa de irregularidades e falta de controle nos gastos das seguradoras que administram os recursos.

Seguro obrigatório de veículos vai subir até 15% em 2011

DPVAT já pagou R$ 1,3 bi em indenizações por acidentes

E que, se nada for feito, poderá aumentar em média 11% ao ano nos próximos cinco anos para os veículos de passeio e até 21% para outras categorias.


O seguro é usado para indenizar pessoas que sofreram acidentes de automóvel em todo o país.


Desde 2007, o DPVAT é administrado por um pool de cerca de 70 seguradoras. Elas criaram uma empresa específica, de nome Consórcio Seguradora Líder, que recebe os recursos pagos pelos proprietários dos carros.


E, quando há acidente, a Seguradora Líder repassa recursos para as seguradoras repassarem as indenizações aos acidentados.


A Líder é remunerada com 2% faturamento do DPVAT, descontados os repasses a órgãos públicos e suas despesas administrativas. Em 2010, o valor chegou a R$ 5,8 bilhões. Nos últimos 4 anos, o valor arrecadado de DPVAT passou a ser o triplo do que é pago com indenizações. Até 2005, a média é que o valor arrecadado era o dobro do pago a acidentados.


Para o tribunal, a Líder está inflando as despesas para lucrar mais. Uma das constatações é que o consórcio está pagando indenizações antigas que deveriam ser assumidas pelas seguradoras.


A consequência do aumento das despesas do DPVAT é que o valor pago pelos proprietários de veículos vem aumentando sucessivamente e a tendência deverá ser a mesma nos próximos cinco anos. Em 2011, o valor do DPVAT foi de R$ 96,63 por veículo de passeio mais custo bancário.


"O Seguro DPVAT sofreu reajuste em 7 dos 10 anos [2000 a 2010]", informa o relatório prevendo mais aumentos. "A Susep (Superintendência de Seguros Privados) tem levantamentos que apontam a necessidade de reajuste sucessivos para amortização de déficit causado pela projeção de aumento das ações judiciais para os próximos 5 anos".


O TCU deu 90 dias para a Susep fiscalizar a seguradora Líder. 


Quando quer, o governo faz

Greenpeace Brasil
Desmatamento documentado este ano pelo Greenpeace. Foto: © Greenpeace/Marizilda Cruppe



O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) acaba de soltar os dados de desmatamento que vão de agosto de 2010 a julho de 2011. Neste período, pelo menos 6.239 quilômetros quadrados de floresta foram derrubados, segundo o Prodes, o Programa de Cálculo de Desmatamento da Amazônia.

O número mais baixo registrado desde 1988 foi divulgado alguns meses depois de uma explosão de desmatamento na região. Em maio, quando a discussão do Código Florestal pegava fogo na Câmara dos Deputados, houve um aumento de 570% nas derrubadas em Mato Grosso. A disparada fez com que o governo instalasse um gabinete de crise para conter a tendência. Polícia Federal e fiscais do Ibama foram em peso para o estado.

“As organizações da sociedade civil alertaram e fizeram pressão para que o governo fosse a campo evitar que aquela explosão continuasse. O governo agiu e, segundo o INPE, o desmatamento acabou caindo”, diz Paulo Adario, diretor da Campanha Amazônia do Greenpeace. Em sua conta no twitter, o diretor do Inpe, Gilberto Câmara, também citou o caso: “Uso do DETER [sistema de alerta de desmatamento] em abril fez diferença. Megaoperação do IBAMA e Pol Fed reprimiu ilegais em MT e RO”.

“Os números do Prodes mostram que, agindo com os instrumentos existentes na atual legislação florestal, quando o governo quer, o desmatamento cai. Esperamos que ele aja de novo, agora para impedir a maior ameaça enfrentada pelas florestas brasileiras: a mudança do Código Florestal sob a batuta ruralista”, acrescenta Adario.

Apesar da queda histórica, os números divulgados nesta segunda-feira pelo Inpe ainda são provisórios. Os dados consolidados devem vir a público daqui a alguns meses. No ano passado, a estimativa inicial para o desmatamento de 2010 foi de 6.451 quilômetros quadrados. O número final foi corrigido este ano para 7 mil.

O Pará figura em primeiro lugar na lista dos estados que mais derrubaram a floresta este ano, segundo o INPE, com 2.870 km² de área desmatada entre agosto de 2010 e julho de 2011. Os únicos dois estados que registraram aumento da área em relação ao ano passado foram Mato Grosso, com 20% a mais (1.126km2), e Rondônia, que dobrou a área desmatada, atingindo um total de 869 km2.

Assine aqui a petição pedindo para que a presidente Dilma Roussef não permita um retrocesso nao Código Florestal.
(Greenpeace Brasil)


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Sindicatos levam abaixo-assinado ao governo pelo fim da tributação da PLR


Bancários, metalúrgicos, petroleiros e químicos pediram a Marco Maia e a Gilberto Carvalho que a reivindicação seja incluída na agenda do governo


Marco Maia (ao centro) comprometeu-se com os sindicalistas a dar 
"tratamento rápido" aos temas (Foto: J. Batista/ Agência Câmara)         


Brasília – Em campanha pelo fim da cobrança do Imposto de Renda (IR) sobre a participação nos lucros ou resultados (PLR), representantes dos sindicatos dos bancários e químicos do ABC e de São Paulo, metalúrgicos do ABC e petroleiros foram a Brasília nesta quinta-feira (1º). Eles reuniram-se com o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS) – na condição de presidente em exercício da República – e com o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para cobrar a inclusão da reivindicação na agenda do governo.


Os sindicalistas também entregaram abaixo-assinado com mais de 200 mil adesões. Marco Maia recebeu os sindicalistas em companhia dos deputados federais Ricardo Berzoini e Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, ambos do PT de São Paulo, autores de projetos de lei que preveem o fim da tributação da PLR.

Para Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, a mobilização dos sindicatos expressa pelo abaixo-assinado e o protesto na via Anchieta, que reuniu 12 mil trabalhadores na quarta-feira (30), fortalecem a importância dessa luta. "O ministro Gilberto Carvalho disse que o governo está tomando medidas anticíclicas e que essa nossa proposta corrobora com as medidas. Ele nos disse também que levará a pauta à presidenta Dilma Rousseff assim que ela voltar de viagem (a Caracas, na Venezuela)", afirmou Juvandia.


O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, também viu avanços na discussão com o Executivo e o Legislativo. Segundo ele, Maia tentará reunir os projetos e dar um "tratamento rápido" ao tema no Congresso Nacional.  "Agora, esse tema está na agenda do governo. Entrou na pauta e como tema prioritário", destacou Nobre.

Consta da pauta dos sindicatos a proposta de uma nova tabela de alíquotas, que prevê cobrança de IR apenas nas PLRs acima de R$ 8 mil. Hoje, o imposto incide a partir de R$ 1.567 e o percentual varia do mínimo de 7,5% a 27,5% (nesse caso, para valores acima de R$ 3.911,63). Os sindicatos querem que o governo federal edite uma medida provisória para que a nova tabela entre em vigor em janeiro próximo. A medida valeria até que os projetos de Vicentinho e Berzoini fossem aprovados. "O Ministério da Fazenda vai fazer estudos e aí iremos discutir mais essa proposta", disse Juvandia.


Fonte: http://www.redebrasilatual.com.br

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

De boas intenções o inferno está cheio





Se você ainda tinha dúvidas sobre as reais intenções dos ruralistas sobre o Código Florestal, hoje uma nota publicada no jornal “O Globo” acaba definitivamente com elas.

A presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Kátia Abreu, que tem um mandato de senadora, foi flagrada no cafezinho do Senado conversando com seus colegas ruralistas. Segundo o autor da nota, Ilimar Franco, Kátia chegou empolgada: “Conseguimos tudo o que a gente queria. Dilmão concordou com tudo”.

Tamanha informalidade com a presidente da República deve ser realmente sinal de uma amizade profunda. Se o que disse é verdade, “Dilmão” (ou Dilma Rousseff para quem respeita tanto ao cargo quanto o gênero) concordou com perdão aos criminosos ambientais e mais desmatamento – apesar de desnecessário, uma vez que o Brasil tem área aberta suficiente para dobrar sua produção no campo sem derrubar mais.
Com a fala, cai a máscara de Kátia Abreu e de toda a bancada ruralista. Até agora, eles usaram as necessidades dos pequenos agricultores para legitimar os interesses mais escusos.

A CNA não está preocupada com os pequenos e utiliza quem puder para atingir seus objetivos. Continuou ela no cafezinho do Senado, segundo a nota: “Um dos nossos (ruralistas) tem que ser o relator lá (na segunda votação na Câmara). O Aldo Rebelo (relator na primeira votação na Câmara) é socialista. O Jorge Viana (relator no Senado) é um verdinho. O Luiz Henrique (relator na CCJ do Senado) não é mais nosso. A relatoria agora é nosso direito.”

Anteontem, Gilberto Carvalho, secretário da Presidência, disse ao Comitê Brasil pelas Florestas que Dilma não concorda com o texto a ser votado no Senado na próxima semana, e que ela “honrará com sua palavra”. Também disse que, com ela, “anistia não tem conversa”.

Leia abaixo a nota que saiu em “O Globo”, hoje, e assine aqui a petição pedindo para a presidente Dilma não permitir que o texto ruralista para o Código Florestal seja aprovado.


Flagrante no cafezinho do Senado
Ilimar Franco, O Globo
Os deputados ruralistas Paulo Piau (PMDB-MG), cotado para relatar o Código Florestal na Câmara, e Abelardo Lupion (DEM-PR) conversavam, quando chegou a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura. Entusiasmada, disse: “Conseguimos tudo o que a gente queria. Dilmão concordou com tudo.” E, empolgada, acrescentou: “Um dos nossos (ruralistas) tem que ser o relator lá (na segunda votação na Câmara). O Aldo Rebelo (relator na primeira votação na Câmara) é socialista. O Jorge Viana (relator no Senado) é um verdinho. O Luiz Henrique (relator na CCJ do Senado) não é mais nosso. A relatoria agora é nosso direito.” Fecha o pano.
(Greenpeace Brasil)